sábado, 9 de maio de 2009

ÍNDIO - Rasquei o seu retrato

Tu disseste em juramento
entre o véu do esquecimento
que o meu nome é uma visão
Tu tiveste a impiedade
de sorrir desta saudade
que me mata o coração
Se um retrato tu me deste
foi zombando, tu disseste
do amor que te ofertei
E eu em lágrimas desfeito
quantas vezes junto ao peito
o teu retrato conservei
Eu sei também ser ingrato!
Meu coração, bem vês, já não te quer
Eu ontem rasguei o teu retrato
ajoelhado aos pés de outra mulher
Eu que tanto te queria
Eu que tive a covardia
de chorar este amargor
Trago aqui despedaçado
o teu retrato, pois vingado
hoje está o meu amor
As sentenças são extremas
Faço o mesmo aos meus poemas
Rasgo os versos que te fiz
Não te comova o meu pranto
pois quem te amou tanto, tanto
foi um doido, um infeliz

Cândido Neves (Índio)

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