O termômetro registrou,
a enfermeira confirmou,
a minha morte aparente, a minha sorte,
minha camisa rasgada no peito, escorrendo óleo diesel.
O relógio alarmou,
a TV anunciou,
a minha morte, preta e branca, a sua sorte,
e o seu durex já não cola,
já não basta o tapa-olho,
eu tenho mais um por entre as pernas
cabeludas, olhos e antenas sobresalentes.
O meu pulso não pulsou,
o aparelho aceitou,
a minha morte aparente, a sua sorte,
minha garganta sem voz.
acordo semi-lúcido,
entre a morte e a morte,
relembrando onde perdi a minha língua atrevida
pelas mortes,
pelas vidas,
pelas avenidas,
pelas Ave Marias cantadas em coro no meu violão.
Pelas ruas sem chão!
Meu corpo tem dois mil e tantos cavalos calados...
Raul dos Santos Seixas
raul é imortal,muito bom,igual nao há
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